Já que essa semana, é início de aula em muitas escolas, decidi postar essa reportagem, espero ser útil!
É mais fácil para a mãe deixar um filho maior na escola do que um bebê no berçário. Mas, para a criança, a situação é inversa. Quanto mais velho, mais ele se ressente da separação. Isso significa trabalho dobrado na hora da adaptação. Mas, com paciência, ternura e as dicas a seguir, tudo termina bem.
Por Giuliano Agmont
Garoto loiro, camiseta xadrez vermelha, segurando à perna de um adulto. |
1. Saber lidar com a insegurança da criança
Crianças sofrem mais do que bebês diante da separação da mãe. Por isso, a adaptação do pequeno na escola costuma ser mais trabalhosa. O melhor método é manter o novo aluno por períodos curtos com os professores. Assim, quando ele ameaça se desesperar, um conhecido aparece. Nos primeiros dias, vale a pena permanecer na escola e deixar o filho com um educador para “ir ao banheiro”. Com o tempo, dá para ir espaçando esses períodos. Em geral, a adaptação dura uma semana, mas pode se prolongar – não existe uma regra.
2. Manter a calma para transmitir tranquilidade
O estado emocional do adulto se reflete na criança. Por isso, os pais ou os responsáveis precisam ter certeza do que estão fazendo para transmitir essa segurança ao pequeno. Nesse sentido, a escolha da escola, e de seu projeto pedagógico, tem de ser suficientemente criteriosa para dar a você a confiança necessária para deixar seu filho lá sem aquele medo além do normal. Na prática, é preciso estar convicto de que se está fazendo o melhor pela criança. Caso contrário, o risco de seu filho chorar, espernear, chutar, cuspir, arremessar brinquedos é grande, o que o levará a repudiar a escola. Conversas com coordenadores pedagógicos e visitas prévias ao local durante as aulas para observar o comportamento dos educadores fazem toda a diferença.
3. Nunca mentir para o filho
Falar a verdade para a criança é fundamental em uma situação tão nova e amedrontadora como os primeiros dias na escola. Por isso, nunca diga que só vai até ali e já volta se não for realmente cumprir isso. A mentira intensifica a insegurança da criança e pode tornar a adaptação ainda mais traumática. O pequeno precisa acreditar que a mãe está por perto para desenvolver a segurança interna.
4. Cativar para distrair
O processo de adaptação de uma criança na escola mais parece uma competição por atenção. De um lado, a mãe e, do outro, as atividades propostas pelos educadores. Por isso, uma maneira interessante de tornar essa disputa menos desleal é informar à escola algumas preferências do pequeno. Alguns gostam de animais, outros preferem brincar com água e há aqueles que se esquecem da vida quando estão desenhando.
5. Observar sinais de alerta
A entrada na escola representa um momento de provação para a criança. Lá ela terá de demonstrar suas habilidades desenvolvidas durante os primeiros anos de vida. Essa experiência pode ser prazerosa e permitir ao pequeno exercitar sua capacidade de conviver com pares e obedecer a ordens de adultos que não sejam seus pais. Mas esse novo ambiente pode gerar ansiedade e, se faltar habilidade social ou sobrar dificuldade emocional para se separar da mãe, o pequeno pode apresentar sintomas físicos associados ao medo e ao estresse, como dor na barriga, dor de cabeça, enjoo e vômitos, entre outros. Outros sinais são a retração e a agressividade excessivas. Nesse caso, vale a pena reavaliar a situação. Forçar a criança a ficar contra a sua vontade pode não ser a melhor estratégia.
6. Evitar muitas mudanças ao mesmo tempo
Alterações de rotina estressam as crianças. A disciplina significa segurança para elas. Por isso, é preciso escolher com cautela o período em que se vai adaptar um filho pequeno à escola. Fatos importantes, como retirada de fralda, abandono da chupeta, mudança ou reforma de casa, perda familiar, nascimento do irmão, contratação de nova babá, separação dos pais ou algo que impacte direta ou indiretamente a rotina dele, vão tornar qualquer adaptação muito mais complicada. Ou seja, garanta que a principal mudança na vida do seu filho durante o período de adaptação seja mesmo a escola.
7. Uma coisa é cuidar, e outra é brincar
Deixar um filho na escola gera culpa. A separação sempre é difícil. Mas é possível reverter a situação em algo positivo. Procure usar o tempo que você está longe dele como um estímulo para aproveitar o máximo possível os instantes em que estão juntos. Muita gente perde tempo cuidando dos pequenos quando na realidade o que eles querem é brincar. Faça isso, brinque com seu filho, transforme as tarefas da escola em momentos divertidos... Isso certamente tornará a adaptação bem mais tranquila.
Fontes: psicopedagoga Neide Barbosa Saisi, professora de Psicologia da Educação da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), pediatra Ricardo Halpern, presidente do departamento científico de Pediatria do Comportamento e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), e pediatra Ana Cristina Martins Loch, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)